Celso Roth, mais uma vez, assumiu o Grêmio em uma situação desesperadora e cumpriu seu papel de bombeiro. Estávamos com um pé no Z-4, como tem sido de nosso feitio nos últimos campeonatos, e o treinador, já acostumado com as idas e vindas entre o Tricolor e o time do Beira-Esgoto, substituiu Julinho Camargo na décima-sétima rodada, pouco antes do clássico contra sua ex-equipe. Vencemos, tomamos fôlego, e melhoramos um pouco. Mesmo assim, foi um ano medíocre, que só esperamos que termine com a garantia da vaga na Sulamericana e com uma vitória sobre o InterRegional, na derradeira rodada do Brasileirão.
Em sua passagem anterior pelo Olímpico, em 2008, Roth conseguiu formar um bom time, que liderou o Brasileirão durante todo o primeiro turno, e chegou ao returno com vantagem de cinco pontos sobre o Cruzeiro, segundo colocado. Porém, o time "rothiou" e começou a perder, empatar, perder e empatar, até que o São Paulo passou voando, e tirou a taça de nossas mãos. Terminamos em segundo lugar, com a certeza de que, com um pouco mais de empenho, teríamos sido campeões. O mesmo se deu com o Atlético Mineiro, em 2009. Foi muito bem, mas morreu na praia.
Quem fez o certo foi o Inter, no ano passado, quando contratou o caxiense na reta final da Libertadores, após o uruguaio Fossatti ser demitido. O time já estava entrosado, precisava só de alguma ordem. E isso é o que Roth faz de melhor, tanto que suas mudanças táticas ajudaram as coloridas a levantar outra taça. Mas, como seu prazo de validade é cada vez mais curto, já no mundial interclubes, o time passou vergonha diante do até então desconhecido Mazembe, que foi à final após derrotar o Inter por 2 a 0.
Este histórico tem o propósito de tentar abrir os olhos da direção gremista, pois há boatos de que o clube pretende renovar com o treinador para a próxima temporada. Roth é técnico para os momentos desesperados, não para iniciar um trabalho. Depois de tantas desilusões, o Grêmio precisa de um treinador que ajude a reestruturar seu futebol. Não é trabalho fácil, e Roth que me perdoe, mas não está a altura do desafio.
Como apenas reclamar sem apresentar soluções não é coisa que se faça, aqui vão algumas opções:
Felipão
Luiz Felipe Scolari seria um bom nome, pela identificação com o clube, e por ter sido um dos mais vitoriosos técnicos do tricolor. Com ele no comando, o Grêmio venceu uma Copa do Brasil (94), uma Libertadores (95), um Brasileirão e uma Recopa (96), além dos Gauchões de 87, 95 e 96. No Mundial de Clubes de 1995, o time de Felipão perdeu nos pênaltis para o Ajax, base da seleção holandesa que disputaria a copa do mundo de 1998. Porém, com a possibilidade da contratação de Kleber, seu ex-comandado no Palmeiras e atual desafeto, fica difícil imaginá-lo na Azenha, ano que vem.
Caio Júnior
Caio Júnior também é um nome a considerar. Atacante tricolor na década de 1980, conquistou o tri-campeonato gaúcho de 1985 (artilheiro da competição) a 1987. Em 2006, levou o Paraná Clube à sua primeira Libertadores, feito notável, dada a pouca expressão do clube paranaense, hoje na segunda divisão.
Após passar por Palmeiras e Flamengo, foi para o Qatar, e este ano, voltou ao Brasil para comandar o melhor Botafogo dos últimos tempos. Caio se diz realizado no clube carioca, mas valeria a pena tentar. [ATUALIZANDO: Caio foi demitido pelo Botafogo a três rodadas do fim do Brasileirão, devido à má fase do time. Lamentável; um técnico que trabalha sério não deveria ser tratado dessa maneira - 22.11.11)]
Marcelo Rospide
Marcelo Rospide foi técnico interino do Grêmio, tendo assumido o time após saída de Paulo Autuori e reassumido sua posição de auxiliar após a contratação de Silas como técnico principal. Já havia ocupado o cargo de interino do Tricolor durante a Libertadores de 2009, quando deixou a equipe com a melhor campanha da fase de grupos da competição, sendo substituído na época por Autuori. A contratação, que visava apenas colocar um nome de peso no comando da equipe, mostrou-se um erro. Foi contratado pelo Grêmio Prudente e depois, ainda em 2010, foi para o Porto Alegre. Encontra-se desempregado, no momento.
Jorginho Campos
Tetracampeão mundial como jogador, em 1994, Jorginho foi auxiliar de Dunga no comando da seleção brasileira em 2010. Treinou também o Goiás, rebaixado no ano passado - mas que chegou à final da Sulamericana - e este ano assumiu o Figueirense. A equipe catarinense tornou-se a grande surpresa do Brasileirão, e ocupa atualmente o quarto lugar, a frente de Flamengo e Botafogo. A organização tática da equipe é admirável, mas talvez o medo de repetir a experiência de Silas (que surpreendeu em 2009, com o Avaí, mas depois de vencer o Gauchão de 2010, deixou-nos no Z-4 no Brasileirão) impedisse o negócio.
Jorginho Silva
Ex-interino do Palmeiras, em 2009, Jorginho foi técnico do Goiás, no começo de 2010, assumindo a Ponte Preta em abril. Após resultados ruins, foi para a Portuguesa, no final de fevereiro deste ano, tendo sido um dos principais responsáveis pela conquista da série B de 2011. Apesar da excelente campanha, seu futuro no clube paulista é incerto. Como toda aposta, seria arriscado.
Todas as opções apresentadas acima são possíveis. Não foram listados nomes como Muricy Ramalho, Abel Braga ou outros, que considero além de caros, com estilos que não se encaixariam no Grêmio. Basta a direção tomar consciência da necessidade de mudanças bruscas no clube, para que 2012 seja um bom ano tricolor. É claro que não é só trocar o técnico; precisamos que o elenco seja reformulado. Podemos manter Douglas, Fernando, Miralles, e mais alguns, mas o resto - incluindo até Victor - deveriam ser dispensados, ou, no máximo, ir para o banco no ano que vem. É preciso buscar reforços de peso (não falo de nome, mas de qualidade comprovada) para termos um time altamente competitivo, não só para o Brasileirão, mas também para a Sulamericana e o que mais vier. O Grêmio tem que voltar a ser o GRÊMIO.